Ser moderna e representar novos tempos no país republicano. Com esta proposta, a cidade que se construía não podia conviver com um espaço e construções coloniais como era o arraial do Curral Del Rey e a antiga igreja de pau-a-pique dedicada à Nossa Senhora da Boa Viagem.
Foi neste contexto que a Comissão Construtora da Nova Capital decidiu demolir a antiga matriz, processo que se iniciou em 1912, inserir seu antigo adro na nova malha urbana que se construía, e erguer uma nova matriz moderna, no estilo neogótico (eclético) ao gosto da época, projeto de autor desconhecido. a comissão construtora justificou que não havia condição de recuperá-la, pois não faltaram protestos da população contra a demolição da igreja secular. todo o processo durou até 1921, quando a nova matriz ficou pronta. foi inaugurada em 1923, data na qual belo horizonte foi oficializada como arcebispado.
Partes da matriz demolida foram salvas como por exemplo: a imagem portuguesa de Nossa Senhora da Boa Viagem, em madeira policromada e com douramento, que se encontra hoje no altar lateral direito; no lado esquerdo encontra-se o altar do sagrado coração de jesus; o lavatório da sacristia esculpido em pedra sabão, “onde a figura central representa dois delfins com caldas para cima e entrelaçadas e cabeças para baixo de onde jorra água” (1) em uma bacia apoiada sobre coluna. o conjunto é ornado com folhas de acanto, volutas, rocalha, elementos fitomorfos e formas conchoides. data de 1793; a pia batismal, também esculpida em pedra sabão, sendo uma bacia semiesférica com decoração de frisos em relevo, apoiada sobre coluna e tampa de madeira; retábulos dos altares assim distribuídos: o do sagrado coração de jesus, no coro da atual matriz, o de nossa senhora das dores na matriz de n. s. das graças de ibirité e um terceiro no museu da inconfidência em ouro preto; e dois sinos de bronze, de fabricação portuguesa com datas de 1791 e 1818.
Herança do II congresso eucarístico nacional realizado em belo horizonte em 1936, encontra-se no retábulo do altar-mor, coroado por um baldaquino rendilhado de mármore, contornado por um conjunto de seis vitrais, o majestoso tabernáculo e ostensório feito em prata e prata amarela, comumente conhecidos como sacrário e custódia.
O edifício apresenta planta em cruz latina e possui dois níveis; o primeiro nível inicia-se com o pórtico de entrada, o átrio tendo nas laterais o batistério e o túmulo de dom cabral, primeiro arcebispo de belo horizonte. após vem a nave com corredores laterais, com portas para o exterior, o transepto (braços da cruz) com os altares laterais e a ábside com o altar-mor. o segundo nível tem o coro e as tribunas.
Na volumetria destaca-se a torre que, junto com a cúpula e torreões coroados por pináculos, dão ritmo, leveza e verticalidade ao edifício. a torre apresenta cobertura trapezoidal, ponteaguda, suportando o relógio e a cruz. a torre e a decoração interna da nave e do altar-mor em estuque foram projetadas pelo arquiteto joão morandi. o frontispício apresenta alvenaria com decoração que lhe dá volumetria. o pórtico de entrada é coberto por abóboda e sustentada por delgadas colunas. além dos vitrais, janelas em forma de rosáceas ajudam na iluminação interna.
O tombamento estadual, feito pelo iepha/mg, foi em 02-06-1977, e contempla todo o conjunto do quarteirão que é composto pelos jardins, a igreja, a capela de são pedro julião eymard, a casa paroquial, projeto do arquiteto luís signorelli, o alojamento da adoração noturna do santíssimo e todas as peças da matriz demolida e já mencionadas anteriormente.