O Cine Theatro Brasil Vallourec situa-se na praça Sete de Setembro, na confluência das avenidas Afonso Pena e Amazonas com a rua Carijós. Inaugurado em 14 de julho de 1932, foi o primeiro prédio em estilo art déco na capital mineira e um dos precursores na construção em concreto armado, com cimento importado da Inglaterra.
Nesta época, obteve o status de maior cinema da América Latina e com sete andares (que correspondem a onze) era o prédio mais alto de Belo Horizonte. Antes da inauguração do Teatro Francisco Nunes, em 1950, também era o maior teatro da capital mineira, cuja população girava em torno de 120.000 habitantes.
Além da exibição de filmes, a casa de espetáculos também recebeu companhias teatrais e líricas e promoveu bailes carnavalescos. Durante os 63 anos de existência, participou ativamente da vida cultural da cidade e contribuiu como cenário para receber importantes figuras da história.
A construção foi projetada em 1930, pelo engenheiro arquiteto Ângelo Alberto Murgel, nascido em Cataguases-MG, formado na Escola Nacional de Belas Artes-RJ, instituição aonde posteriormente veio a lecionar. Nesta obra, Ângelo teve a assessoria técnica de Emílio Baumgart, engenheiro calculista que trabalhou com o grupo de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer no projeto do edifício do Ministério da Educação no Rio de Janeiro.
Por situar-se numa esquina, o prédio foi planejado com volumes geométricos bem definidos, com uma fachada curvilínea com acabamento em pó de pedra, pouca ornamentação externa e belíssimos vitrais de ferro e vidro martelado, como convinha ao estilo art déco. Este estilo, valoriza as linhas puras e limpas, o design moderno e aerodinâmico, se inspirando em várias fontes e não abandonando a busca pela abstração. O art déco, por meio da tríade arquitetura, interiores e design, é uma tentativa de levar a arte em todas as suas manifestações ao público em geral.
O projeto do Cine Theatro Brasil atendia a duas funções distintas e independentes: Cineteatro e um conjunto de salas e lojas. Uma galeria ligava a avenida Amazonas à rua dos Carijós, onde ficavam as lojas, restaurantes e os elevadores, que atingiam os três últimos andares com salas de escritórios. Na esquina, subia-se os degraus para adentrar ao foyer, que levava ao auditório principal. Também do foyer, saíam galerias laterais que atingiam, por escadas, os balcões, de onde era possível avistar um palco com pé direito de oito andares.
O sistema de ar-condicionado foi instalado no cinema em 1937 e, assim como o equipamento de projeção, foi substituído várias vezes. Ao longo de sua existência, foram realizadas reformas, bem como, algumas tentativas de descaracterização da construção original.
No ano 2000, depois de ser desativado como cinema, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) tombou todo o conjunto como bem cultural, o que evitou que o edifício tivesse o mesmo destino do Cine Metrópole, na rua da Bahia, que foi demolido em 1983 após ser comprado pelo Bradesco. O Cine Theatro Brasil foi adquirido, em 2006, pela Fundação Sidertube, entidade patrocinada pelas empresas do Grupo Vallourec, que financiou toda a restauração, com projeto aprovado pela Lei Rouanet.
Em oito de outubro de 2013, o prédio foi reinaugurado com o nome Cine Theatro Brasil Vallourec, funcionando atualmente como um centro cultural. Possui 8,3 mil m² de área construída, um auditório principal com 1000 assentos e um menor com 200, um salão multiúso para eventos com até 650 pessoas, duas galerias para exposições de artes visuais e um café bistrô.